O que move o Mundo não é o dinheiro, o ouro, ou o petróleo...
Não é o ódio, ou o poder...
Nem é o sexo, ou o amor...
O que move o Mundo é a morte.

Sobre a competição...

A competição é uma Coisa muito saudável!
Não, não me refiro apenas a eventos desportivos, ou à competição no mundo empresarial (menos monopólios, preços mais baixos, melhor para o consumidor, blá, blá, blá). Nada disso!
Refiro-me à competição nas relações amorosas.
Tomemos Adão e Eva como exemplo: Considerando que foram o primeiro casal a vir ao mundo – façam-me o obséquio, e vamos lá considerar o texto sagrado em sentido literal – deve ter sido muito complicado não haver competição.
Estou aqui a imaginar o Adão, encostado à árvore do conhecimento, a ler o seu papiro (com as últimas do paraíso e uma entrevista em profundidade com Deus Pai Todo-Poderoso, sobre o processo da Criação), enquanto a Eva se lhe dirige com aquelas perguntas clichés: “Adão… Diz-me! Esta parra fica-me bem? Não achas que me faz parecer gorda?”
É claro que o Adão podia fazer o máximo por convencer a Eva que ela estava deslumbrante, maravilhosa, perfeita. Mas uma frase do tipo “És a mulher mais linda que eu já vi!” nunca surtiria o efeito pretendido, por razões óbvias. Aliás, o Adão nunca poderia justificar ter escolhido Eva para sua companheira, pelo simples facto de que não havia escolha!
Aqui é que entra a competição. Com mais uma ou duas fêmeas da espécie por ali à solta, o varão – não só poderia deliciar a vista com mais do que algumas gazelas, javalis e outros enteados do Senhor – como poderia exercer o seu poder de escolha, legitimando a sua relação com a mãe de todos nós. Ou seja, após alguma instabilidade inicial que a Coisa pudesse causar, o resultado deveria ser mais genuíno.

Sobre tudo isto, o mesmo se diga em relação a Eva. Devia ser muito aborrecido não poder escolher outro homem, e ter que se sujeitar a ficar com um preguiçoso que passava os dias encostado pelas árvores a ler papiros.
Talvez tenhamos descoberto o que motivou Eva a comer o fruto proibido: “Quem sabe, Do lado de fora…?”

Livro de Reclamações

Se há alguma Coisa mesmo cativante nas grandes superfícies é o facto de se poder reclamar livremente.
O atendimento personalizado do comércio tradicional torna as reclamações personalizadas. Se não, tentem pedir o livro de reclamações no barzinho da esquina, onde vão todos os dias tomar a dose diária de cafeína. Passam a ter um atendimento especial, que pode ir desde uma expressão exclusiva de raiva (só para vocês, porque os outros clientes continuam a ser cumprimentados com o sorriso habitual) à inclusão de pequenas porções de saliva na vossa sandes mista matinal.

O tratamento impessoal das grandes superfícies permite-nos dizer «'Tou-me a cagar!», sempre que alguém não corresponde às nossas expectativas de serviço. É claro que a pessoa que está do outro lado do balcão também está mais liberta para fazer o mesmo. Mas uma carta ao Instituto de Defesa do Consumidor, ou à Deco, não traz tantos perigos ou receios de represálias. Até porque, com alguma sorte, na próxima vez que formos lá, o empregado com quem tivemos a divergência já estará no desemprego e em seu lugar estará de novo uma cara sorridente (com um mundo de novas possibilidades).
Pior que uma má ideia é a sua imitação.
[reacção a um carro tunning]

...pública, a Coisa pública.

Hoje em dia (e talvez não só) anda muita gente por aí preocupada com a Coisa pública (poderia agora, facilmente, cair na brejeirice de afirmar que anda nas bocas do povo, ou no trocadilho fácil da Coisa pública pela Coisa púbica, mas se era isso que esperavam, não contem comigo... Não senhor!).
Há quem dela fale como se fosse sua, arrogando-se o direito a decidir o que lhe fazer... Esquecendo, porventura, que é pública.
Vemos, frequentemente, quem se monte em cima dela, qual cowboy (desculpem mas não consigo escrever "cobói", blargh!) num rodeo, tentando domar o seu poder, para depois poder dizer aos netinhos "xabem, quando era novo, o avôjinho aguentouxe durante xinco xegundos em xima do Inxtituto Geral de Qualquer-Coija".
Há muito quem a queira levar para casa, em pequenas porções diárias do tipo "dose diária recomendada", ou para o estrangeiro, em bonitos embrulhos azuis.
Bem menos, há quem a privatize em grandes operações legais...
Se existe algo de comum em todos estes exemplos, é que todos a despem da sua essência: A Coisa pública não é privada.
(1-0, ganha Msr de La Palice)